Pegada ecológica

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segunda-feira, 19 de abril de 2010

Poema...



Raízes deturpadas pelo asfalto

Uma mistura de sentimentos!
Um chamado para a mata... um medo...
Eu sei, sinto lá no fundo que o chamado vem da essência humana.
Mas, estou submersa no medo!

Um medo concreto repleto de paranóias que me impedem de seguir meus instintos mais primitivos.
Quando nasci era filha da mata, hoje sou filha do asfalto e aí que está a minha dificuldade.
Tiraram o meu modo natural de vida e no lugar colocaram o medo!

Temo ver esse mundão sempre com olhos curiosos, com se estivesse diante do exótico.
Olhos de quem, observa, contempla, mas que quando é chamada a ser participante, covardemente recua!

É tudo tão encantador... a fauna, flora, sua floresta úmida, suas lendas, seu povo, suas estrelas, seus rios...
É um outro Brasil?ou este seria o meu Brasil?
Mas esse medo... o que faço com esse medo!

Medo quando esse amor pela mãe natureza parece se resumir em mais uma ideologia não praticável!
Medo por ter sido somente um encanto juvenil pelas belezas da Amazônia.
Medo de descobrir que sou civilizada em excesso!
Medo!Medo!Medo!
Miro o meu medo e percebo a sua função...
O mesmo medo que me escraviza, protege, mas também me concede vorazmente o direito de existir e descobrir o que me chama!

Anelize Gabriela

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

As caixas do nosso cotidiano


Por Anelize Gabriela


Não me considero boa para contar histórias de modo descritivo (queria eu ter um terço do dom de Eliane Brum), mas creio que essa devo tentar.

São nas pequenas situações que percebemos a falta de compaixão, coragem das pessoas e a hipocrisia das instituições em ajudar quem precisa.

Na semana passada, por volta das 22h30, estava na estação de mêtro Guilhermina-Esperança, eu e um amigo, quando uma menina de uns 6 anos, morena, de cabelos encaracolados e uma bolsinha de lado, surgiu do nosso lado. Ela olhou dentro de uma caixa grande, aquelas que ficam no mêtro da campanha do agasalho e fez meia volta. Foi até sua mãe e disse que lá havia sim roupas. A mãe da menina era loira, tinha um sorriso castigado pela sua condição e um bebê no colo que calculamos ter pouco mais de um mês pelo seu tamanho.
A mãe da menina se aproximou da caixa também e pediu pra filha fazer o mesmo. As duas ficaram praticamente encostadas em nós. Não entendi o que elas queriam. Até chegou a me ocorrer um pensamento típico de quem mora nas grandes cidades e está assombrado com a violência (mas não admite que é exatamente esse tipo de preconceito e indiferença é que gera a violência), tipo um pensamento mediocre e clichê do tipo: “Será que ela vai nos assaltar”, pensei.
A mãe disse a menina: “Temos que ser rápidas ele está olhando para o computador”. Eu e meu amigo olhamos um para outro sem entender. Ela estava falando sobre o funcionário da SSO, que estava exatamente em frente a caixa. Percebendo que nós não estávamos entendendo nada, a mãe nos disse: “Eles não nos dão essa roupa, já pedi, mas eles falam que não podem dar, mas eu preciso e vou pegar essa roupas para as minhas filhas”.
Eu e meu amigo consentimos com a cabeça, para que ela percebesse que não estávamos desaprovando o ato dela.
Ela pegou a primeira sacola com roupas, apreensiva, que o funcionário fosse vê-la e pediu para filha segurar. Tentou abaixar e pegar mais uma sacola, mas não conseguiu. Ela teria que ser cautelosa, qualquer movimento brusco, o funcionário iria se desconcentrar do computador e vê-la.
A mãe então deu o bebê para filha segurar e antes de tentar pegar a segunda sacola nos explicou: “Morava no Jardim Romano, esse bairro que está passando toda hora na TV e perdi tudo que tinha. Estou em um hotel na Penha pago pela prefeitura, tenho seis filhas, e estamos sem ter o que vestir, a chuva levou tudo que tínhamos”.

Já são mais de 60 dias que os moradores do bairro na zona leste de São Paulo, foram castigados pelas fortes chuvas perdendo tudo que tinham e vi ao meu lado não mais uma entre tantas famílias, mas uma mãe desesperada pois suas filhas não tinha o que vestir e ela tinha que se arriscar por elas.

Começamos a conversar com mulher e perguntei se ela já tinha pedido as roupas da caixa pra alguém do mêtro. E ela disse que sim, mas eles a expulsaram da estação e agora ela tem que pegar assim às escondidas, pois as meninas precisam das roupas.

Ficamos indignados vendo a burocracia ridícula para ajudar alguém. Se ela precisa, porque não deram a roupa pra ela? Provavelmente porque as roupas são encaminhadas para alguma instituição de caridade? - Pensei dane-se a moça precisava e a roupa estava ali, Ela praticamente estava tendo que "roubar" roupas que a população cedeu para doação.

Uma funcionária da limpeza avistou a mulher tentando pegar a terceira sacola. Ela apressou-se e conseguiu pegar a sacola. Comentou com a gente que aquela funcionária já tinha "metido com a língua nos dentes uma vez" que ela tentou pegar as roupas e ela foi expulsa de lá. A funcionária comentou com um colega da bilheteria do mêtro e ficaram a observando. A essa altura moça já tinha nos agradecido por ter a encobertado e saiu como se fosse uma fugitiva com duas filhas.

Já o funcionário da SSO, me deu vontade de lhe dar os parabéns, por pelo menos não ter reagido como os outros. Fez vista grossa, mesmo debaixo do seu nariz, deixou com que a mulher pegasse as roupas e fingiu estar tão atento que não percebeu os movimentos na caixa a sua frente.

Agora eu lhe pergunto, porque as pessoas não conseguem se pôr no lugar das outras e as invés de atrapalhar, tentam ajudar. A estação é a poucos minutos do bairro atingido pelas chuvas. Penso que podia ser minha família e talvez eu no lugar daquela moça.

Eu covardemente deixei que a mulher fosse embora sem ao menos pegar algum contato, marcar um horário para tentar arrecadar algumas roupas e ajudá-la.

Fiquei indignada com as pessoas do mêtro, comigo, com o mundo...

Meu amigo ainda tentou pegar o mêtro e encontrá-la, pois também compartilhou da mesma indignação, mas nada...Deixei escapar uma oportunidade de ajudar aquela família de algum modo. Tudo que fiz foi servir de muro para que ninguém percebesse que estava pegando as roupas. Me perguntei, isso é tudo que posso fazer?

Talvez sirva de lição pra mim, para da próxima vez descruzar o braço e ser útil para uma vida.

Só quis dividir uma história das tantas famílias que sofrem no Jardim Romano.





sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Haiti...E eu faço o que?



Já faz alguns meses que não escrevo no blog. Não ando muito satisfeita com lirismo enfadonho que meus textos carregavam. Mas depois da notícia sobre a tragédia no Haiti, percebi que a única maneira instantânea de manifestar a minha indignação, infelizmente, é através do diálogo e escrevendo.

Haiti. O mundo assisti, o país mais pobre das Américas, marcado pela miséria, pobreza, tensões sociais, agora também sendo devastado e vítima de um terremoto. Sua capital, Porto Príncipe, se assemelha a um filme chamado “Ensaio sobre a cegueira”. Não pela proposta do filme, porque a população não está alienada a sua própria realidade, mas pela situação na qual se encontram as pessoas de lá. Rendidas à própria sorte e a Deus, elas são milhares espalhadas nas ruas, sem água, comida e abrigo, sem saber para onde ir ou o que fazer, aguardam ajuda humanitária.
As nações unem esforços para oferecer assistência as vítimas da tragédia para o atendimento das necessidades humanas básicas da população, que perdeu famílias, suas casas, estão sem alimento e feridas. O que permanece é somente a esperança, de que isto tudo não passa de um pesadelo.

Há especulações sobre o número de mortos pelo terremoto chegue a 50 mil e desabrigados devem somar 3 milhões, sendo que já enterram 7mil em uma vala comum.
Ontem fui para o trabalho lendo no ônibus, todas as reportagens possíveis sobre a tragédia do país caribenho, inclusive sobre a história de Zilda Arns.

O que me fez pensar, o porque daquilo estar acontecendo em um país que já é tão castigado.
Questionei a Deus, amigos, família, o porque de tanto sofrimento. E por mais que eu pense, não consigo chegar a uma resposta que satisfaça a minha dor o porque daquelas pessoas estão que vagando nas ruas e dormindo a céu aberto em busca de ajuda estarem passando por tal desgraça.

Ira de Deus? Da natureza? Fim dos tempos? Sinal de alerta para o ser humano? Alguém me dê uma resposta do “porque” desta tragédia.
Dentro daquele ônibus, eu parecia estar de mãos atadas. Não sei como poderia ajudar se fosse pra lá, pois nunca fiz um curso de primeiros socorros, nem mesmo um treinamento para ações humanitárias. Mas o que me incomodava, é que estava vendo toda a situação pelas páginas dos jornais, pela TV e pela internet, sem conseguir fazer nada. Tive que continuar meu trajeto e continuar com a rotina que estou fadada por aqui.

Mandei uma mensagem de texto para uma amiga, ela iria compreender, o que sentia aquela hora da manhã, porque a intensidade do meu sentimento parecia loucura demais ou mera demagogia socialista sobre as causas sociais.

Orar e pedir a Deus que ilumine aquelas pessoas ou fazer uma doação monetária parece pouco. A minha vontade era pegar uma mochila e partir para o Haiti. Para doar todo amor que existe em mim para eles, e talvez como diria essa amiga de utopias, dividir a dor com eles.

Li o último discurso de Zilda e me emocionei. Zilda Arns foi fundadora da Pastoral da Criança e médica que morreu em missão no Haiti, salvando vidas de crianças em situação de risco social. A história de vida desta mulher é linda.
Uma de suas frases expressam o quanto ela amava os ser humano e o quanto acreditava nas crianças.

“A construção da paz começa no coração das pessoas e tem seu fundamento no amor, que tem suas raízes na gestação e na primeira infância, e se transforma em fraternidade e responsabilidade social”

O mundo está pedindo socorro e já não suporta mais a falta de amor. Precisamos de mais amor, de mais compaixão, solidariedade...E é isto que devemos guardar.
E ao invés de continuar a questionar o “porque”, percebi o que deveria aprender com a Zilda. Doar mais de mim para o mundo e que talvez essa seja a maior lição de tudo isso.

Depende de cada um de nós, agir para ajudar outras pessoas. Todos podemos fazer a diferença. Dê o máximo de si e o mínimo que gostaria que fizesse para você.

Orações as vítimas do Haiti!
“A todos os que sofrem e estão sós, dai sempre um sorriso de alegria. Não lhes proporciones apenas os vossos cuidados, mas também o vosso coração” (Madre Tereza de Calcutá)




quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Como se libertar?












Não somos livres...

Não falo isso somente por que vivemos em uma sociedade que nos reprime, que faz com que sejamos seres éticos e repletos de bom senso para viver de modo harmonioso coletivamente.

Não porque temos um compromisso com alguém que não nos deixa ser quem somos verdadeiramente...

A questão da liberdade de espírito talvez seja mais ampla do que meras bandeiras erguidas, religiões instituídas ou teorias mirabolantes.
Somos presos aos nossos instintos e por eles cometemos o que chamam por aí de loucura.
Roubamos para saciar nossa fome, traimos por prazer...Deixamos de existir como seres inerentes, pois não temos a ousadia de ser quem somos!

Será que estes são os nossos instintos que devem ser cuidadosamente ser controlados ou é a nossa essência se manifestando????
“Acho que devemos fazer coisa proibida – senão sufocamos. Mas sem sentimento de culpa e sim como aviso de que somos livres.” Clarice Lispector

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Você sonha junto?





Não sei se ando gastando meus neurônios à toa ou é uma dúvida pertinente.
Religiosidade à parte, ultimamente tenho andado com um sentimento de que todos nós temos uma missão na terra. E esta missão se resume em fazer o bem de diferentes maneiras. Porém a nossa rotina é tão alucinante que não enxergamos o propósito de estarmos aqui e agora. Passamos a vida toda acreditando que devemos conquistar uma felicidade. Mas essa tal felicidade é só a nossa?Quando falamos em felicidade já vem a cabeça planos, sonhos. Sonhamos em ser isso, em fazer aquilo, mas até que ponto o sonho de cada um de nós interfere no sonho do próximo?Deveríamos ter um sonho coletivo, sonhar junto? Almejar uma felicidade que não fosse somente a minha, mas a do meu vizinho ao lado? Ou ter um sonho particular de somente em casar, ter filhos e ter um emprego que me dê estabilidade...

A lei da selva é corra atrás do seu e o resto virá como conseqüência....Porém esta forma de pensar me parece um pouco limitada e egoísta. Só conquistar a minha casa, ter um marido, e um emprego e só, acabou? Minha vida irá se resumir nisso?E as pessoas que não tem a mesma oportunidade que eu, como ficam?

Não tenho nada contra a felicidade pelo contrário, e nem de adquirirmos bens pelo nosso próprio esforço, mas o que me incomoda é que não sei bem se vivendo cada um o seu mundinho particular nós teremos um bem estar social.

Será que o mundo inteiro está vivendo uma loucura coletiva em não perceber que estamos abandonando vidas, almas boas de coração puro sem lhe estender a mão?Aliás não é por isso que vivemos em sociedade, porque precisamos uns dos outros?

Sou ainda romântica demais e a vida ainda não meu sonho é ver meus filhos crescendo em uma sociedade menos desigual, mais humana que se sensibilize com o sofrimento alheio. E que cada um pare de se omitir e cumpra sua missão para não ter que ver sua própria raça se autodestruindo (e eu me incluo nisto!).


quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Um tiquinho de Eliane Brum

"Se tu não tens um ideal, é melhor não seres jornalista."
"Não existem vidas comuns, existem olhos domesticados."
Eliane Brum

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Pensamentos soltos...

"Quero mais de mim, o impossível que é possível.
Esta pessoa que me apresento, é somente uma pequena representação do que tenho dentro de mim, do que sinto, da força que habita em mim "...

"Não exija das pessoas, o que ela forçadamente terão de oferecer".

"Qualquer mudança interior só ocorre quando há uma mudança de consciência. Caso contrário, sua mudança será circunstancial e superficial".

"Um novo fôlego toma conta de mim, uma vontade louca de viver e deixar de lado toda cretinisse de um estilo de vida converncional".

" Meus idolos são aqueles que lutam até o fim pelo justo, pelo o que é bom, como Olga Benario... Quem sabe um dia ser uma particula de coragem e determinação desta verdadeira mulher... "

Anelize Gabriela